No segundo semestre de 2013 a CMI-SECOVI/MG divulgou o resultado de um levantamento realizado entre 1983 e 2013, quando foram pesquisadas as áreas internas médias dos apartamentos à venda na cidade de Belo Horizonte, cuja metragem nas últimas quatro décadas passou de 150,00m2 em 1983 para 130,00 m2 em 1993, 120,00 m2 em 2003 e 113,00 m2 em 2013, o que representou uma redução média de 25,00% no período.
Embora essa seja uma tendência mundial, cujo fenômeno já foi registrado nas grandes cidades do continente europeu e norte-americano, ela vem de encontro a uma outra pesquisa realizada na capital paulista pela Geoimóvel Tecnologia e Informação Imobiliária, que constatou terem sido lançados mais de 10.000 imóveis em 2006, representando 35,00% do total, enquanto em 2013 este número foi inferior a 3.000 unidades, o que não chegou a 10,00% dos lançamentos ocorridos na cidade de São Paulo.
Segundo o estudo elaborado pela Consultoria imobiliária, isto se deve a uma mudança sócio-econômica relacionada ao encolhimento das famílias, a maior quantidade de pessoas solteiras, a existência de um estoque desse tipo de imóvel e principalmente à alta do valor do metro quadrado, tanto de terreno como das unidades construídas, o que fez com que o produto imobiliário se tornasse por demais oneroso à maior parte da população.
Esse estudo buscou ainda contextualizar os diversos perfis de imóveis, individualizados pelo número de dormitórios, onde o apartamento de quatro quartos foi identificado para o segmento de alto padrão, para quem quer muitos cômodos, mas por seu valor ultrapassar R$ 1 milhão perde espaço nos lançamentos, enquanto o de três quartos é voltado para os casais com dois filhos e que querem um cômodo extra, mas não se presta a quem quer uma opção econômica, embora a grande maioria situa-se em uma faixa de preço que permite o uso do FGTS.
Nas unidades menores, os apartamentos de dois quartos atendem aos casais com um filho ou solteiros que buscam um escritório em casa, representando a maior parte dos lançamentos, enquanto as unidades de um quarto voltam-se para solteiros ou casais sem filhos, embora sua área situa-se usualmente abaixo de 40,00 m2, o que reduz o espaço do apartamento, mostrando que sua participação nos lançamentos é crescente e representa a aposta das incorporadoras no segmento de alto padrão.
Isso se deve a uma constatação dos empreendedores, de voltar seus produtos para as pessoas que moram sozinhas, que na cidade de Belo Horizonte já representa mais de 100.000 residências segundo o censo de 2010, o que levou ao planejamento de edifícios com muita oferta de serviços, além de repaginarem as áreas de uso comum, que compensa a redução das áreas privativas.
Nesse novo conceito não basta o salão de festas, playground e uma piscina modesta, os compradores valorizam o que se denomina condomínio-clube, onde o morador encontra muito mais conforto e itens disponíveis, tais como academia, amplas piscinas, sauna, espaço gourmet e espaço mulher, dotando o edifício de toda a infraestrutura que compensa a redução da área privativa do apartamento.
Por outro lado, os espaços internos também desafiam a criatividade dos arquitetos, que utilizam artifícios técnicos para garantir uma sensação de amplitude, como a integração da sala à cozinha, a adaptação da varanda para um espaço gourmet, utilização de mesa-balcão entre a cozinha e a sala, um mesmo piso para todo o imóvel, janelas até o piso e a colocação de espelhos.
Nessa onda de redução de espaço, o recordista é um apartamento ao “estilo japonês”, lançado recentemente na cidade de São Paulo, com a incrível metragem de 19,00 m2, que se tornou uma sensação de vendas, que atende a um público que fica pouco em casa, busca a praticidade e que se acostumaram com à armazenagem digital por isso não acumulam tantas coisas, sabendo, assim, aproveitar melhor os espaços.
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