Os brasileiros se acostumaram, desde os primórdios do ciclo inflacionário que abalou nossa economia, a conviver com um universo de índices econômicos, muitos deles de natureza setorial e a esmagadora maioria conhecido por siglas, que passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, sendo o mais famoso deles o IGP-M, por ser o eleito para a correção dos contratos de aluguel.
Em breve deverá surgir mais um, que vem sendo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sob a coordenação da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), cuja finalidade será medir a rentabilidade dos ativos imobiliários no país, e que foi batizado de Índice de Referência de Rentabilidade do Mercado Imobiliário Brasileiro, ou IBRI.
A
expectativa é que o surgimento desse índice setorial inédito no Brasil permita
uma avaliação do comportamento dos ativos imobiliários, possibilitando sua
comparação com outros setores da economia, é o que garantem seus idealizadores,
para quem os investidores estão focados em sua própria carteira de imóveis,
sobre a qual detém amplo conhecimento, o que não se reflete no desempenho do
mercado como um todo.
Outro
aspecto em destaque, especialmente pelo foco dos investimentos imobiliários, se
refere à abrangência pretendida pelo novo indicador, que se diferenciará dos
tradicionais índices de preço por focar dois setores, os ganhos decorrentes da
renda gerada pelo imóvel e a valorização do ativo imobiliário.
Previsto
para ser apresentado no primeiro semestre de 2011, o novo índice trará
inicialmente dados referentes a imóveis comerciais (galpões, escritórios,
shopping centers, lojas etc.), cuja eficiência será testada em um
projeto-piloto desenvolvido com empresas associadas a
ABRAPP, para depois buscar uma abrangência nacional, inclusive para imóveis
residenciais, que interessam ao grande público.
Os
defensores da criação desse índice apresentam como analogia o IBOVESPA, o
indicador que mede o desempenho médio das cotações das ações na BOVESPA, que é
um referencial consagrado no mercado de capitais, hoje bastante disseminado,
dado à funcionalidade com que reflete o desempenho da bolsa de valores.
Interessante
observar que essa iniciativa não está isolada, pois a Caixa Econômica Federal,
igualmente em parceria com a FGV, também trabalha na elaboração de um índice
setorial para o mercado imobiliário, que ganhou a denominação de Índice de
Valorização de Imóvel – IVI, que pretende medir a variação do valor dos
imóveis, divididos pelas diversas tipologias e por regiões geoeconômicas
predeterminadas, cuja intenção é subsidiar os agentes de crédito em suas
políticas de financiamento, inclusive coibindo eventuais bolhas imobiliárias.
Não
obstante o interesse que o assunto desperta e a expectativa quanto à divulgação
dos números, alguns especialistas olham com desconfiança para o indicador,
alegando a possibilidade de distorções que afetariam o mercado imobiliário, e
até mesmo o risco de manipulação do banco de dados, segundo os interesses dos
principais fornecedores das informações.
Outros reconhecem a importância da existência de um índice que reflita a valorização dos ativos imobiliários, embora advirtam que sua aplicação não tem conotação universal, devido ao dinamismo do mercado, além do que tudo isso dependerá da amostragem e da metodologia, que trará resultados eficientes, o que se espera que seja garantido pela qualidade das entidades envolvidas em seu desenvolvimento.
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