Acessibilidade é um conceito que expressa a possibilidade de acesso a um lugar ou conjunto de lugares, permitindo que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida participem de atividades que admitam o uso de produtos, serviços e informações, visando sua adaptação e locomoção, eliminando barreiras, incluindo o acesso a qualquer material produzido, em áudio ou vídeo.
Esta tem sido uma preocupação constante nas últimas décadas, especialmente na arquitetura e no design, principalmente após a publicação do termo Universal do Design em 1987, que previa técnicas de acessibilidade criadas pelo arquiteto americano Ronald Mace, portador de deficiência. Este documento inclusive foi o marco da acessibilidade e influenciou para que na década de 90, Ronald Mace reunisse um grupo de profissionais que transformariam este ideal nos conceitos mundialmente adotados em programas de acessibilidade total, que compreendem os princípios do Desenho Universal e norteiam arquitetos e urbanistas na adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de inclusão de toda população.
Esses conceitos encontram-se aplicados em um projeto piloto desenvolvido na cidade de São Paulo, que aplica todos os princípios estabelecidos no Desenho Universal. O curioso é a mudança até mesmo no marketing do lançamento, que substitui a tradicional família de jovens casais e seus filhos pequenos pelos avós de seus netinhos.
A imagem da campanha publicitária traduz o primeiro desses princípios, definido como igualitário ou do uso de equiparável, cujos espaços são concebidos para o uso por pessoas com capacidades diferentes, tornando os ambientes iguais, como, por exemplo, a colocação de portas mais largas.
Na mesma linha, temos o princípio do adaptável, ou de uso flexível, cujo designer dos produtos é voltado para o atendimento às diversas habilidades e preferências, adaptável a qualquer uso, começando pela concepção do empreendimento, compreendendo uma “grande caixa” e englobando a instalação de rampas para minimizar os desníveis e pisos antiderrapantes nas áreas molháveis.
O óbvio, ou de uso simples e intuitivo é o princípio que requer fácil entendimento para que qualquer usuário, independente de sua experiência, possa compreender o que ocorre nos pequenos detalhes, não exigindo habilidade de linguagem ou nível de concentração, aplicado, por exemplo, na adequada escolha dos modelos de torneiras e maçanetas.
O princípio do conhecido, ou da informação de fácil percepção, prega a necessidade das informações serem transmitidas de forma a atender a demanda dos usuários, sejam eles estrangeiros, ou pessoas com dificuldade de visão ou de audição, estando diretamente ligado ao designer e à comunicação visual. Seu exemplo mais comum é a aplicação do piso tátil, ou seja, aquele que sinaliza as rotas e obstáculos existentes no caminho.
Com o intuito de minimizar os riscos e suas possíveis consequências decorrentes de ações acidentais ou não intencionais, surge o princípio definindo como seguro, ou tolerante ao erro, que tem estreita relação com o imprevisível, onde surge a figura dos pisos antiderrapantes, a correta inclinação das rampas ou a simples colocação de um corrimão.
O princípio do baixo esforço, ou simplesmente sem esforço, prevê o uso eficiente, com conforto e o mínimo de fadiga, que facilita a vida dos usuários, podendo ser exemplificado pela utilização de plataformas, usadas para rever obstáculos onde a rampa não funciona.
O último dos princípios é o da divisão e espaço para aproximação e uso, ou abrangente, cuja ideia é o estabelecimento de dimensões e espaços ao alcance de todos, independente do corpo, como obesos, pessoas com nanismo ou com mobilidade reduzida (cadeira de rodas e carrinhos de bebê), onde devem ser consideradas, inclusive, áreas de manobra.
Assim como no exemplo citado no início, esperamos que esses princípios, de natureza arquitetônica, transformem-se em instrumento de marketing, uma vez que a universalidade do uso é um conceito que atende a todos, independente de necessidades especiais.
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