O mercado imobiliário, assim como outros setores da economia, são um reflexo da sociedade, onde os costumes influenciam sobre maneira a criação dos produtos, razão pela qual existe uma mutação constante na concepção dos imóveis, que podem significar grandes mudanças, como foi o caso da migração das famílias das casas para os apartamentos, ou alterações de concepção, como o desaparecimento do quarto de empregada nos apartamentos de menor área.
Um fenômeno observado em pesquisa realizada entre os anos de 2007 e 2012 na cidade de São Paulo foi a redução da área média das residências em quase 30,00%, passado de 102,30 m2 para 72,80 m2, o que resultou na inversa proporcionalidade quanto ao valor, que saltou de R$ 328 mil para R$ 521 mil, ou R$ 3.206,00/m2 para R$ 7.156,00/m2, um aumento nominal de 123,00%.
Essa análise quando ponderada em relação aos custos da construção civil, medidos pelo índice denominado CUB (Custo Unitário Básico), publicado mensalmente pelos SINDUSCON’s, demonstra que ocorreu uma estabilidade entre 2007 e 2009, quando os valores deram um salto em 2010 e 2011, voltando a se estabilizar em 2012, não obstante ter registrado em aumento real de 54,00% no período.
A explicação para o fenômeno, além do notório incremento dos preços, se deve à alteração do padrão de oferta nas grandes cidades, com uma significativa elevação no lançamento de unidades com até dois dormitórios, o que fez inverter a participação percentual no mercado, que em 2007 representavam 33,80% das unidades lançadas e em 2012 essa porcentagem passou para 67,30%.
Esse fenômeno se reflete também nas ações de marketing, uma vez que esse tipo de imóvel não era bem visto no mercado, sendo denominados de forma pejorativa de quitinetes, mas com esse incremento, que se reflete no padrão de acabamento, são agora denominados de “lofts”, “smart apartamento”, “estudio” ou “compacto de luxo”, o que os torna sinônimo de luxo.
Isso se reflete no padrão de acabamento e nas facilidades disponibilizadas ao adquirente, que passam por varanda gourmet, lavado e mini lavanderia, na unidade privativa, e uma gama de serviços nas áreas comuns, como salão de festas na cobertura, academia de ginástica de uma grande rede, restaurante, piscina aquecida e sauna.
O perfil da demanda por esse tipo de imóvel tem atraído o comprador de elevado padrão que não abrem mão das condições de vida anteriores, formados por pessoas transferidas para outras cidades por motivos profissionais, estudantes de fora, casais sem filhos divorciados e idosos, além de investidores institucionais, que apostam na demanda como forma de auferir renda superior aos tradicionais residenciais.
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