A internet das coisas em imóveis

Publicado em 14 de janeiro de 2018

Desde a sua criação durante o período da Guerra Fria, especialistas de sistemas de informação defendem que a Internet está começando a vivenciar sua terceira era, denominada Internet das Coisas, do inglês Internet of Things (IoT),  em que não apenas pessoas e dispositivos estão conectados, como na primeira e segunda eras, mas também animais e objetos.

Na era da Internet das Coisas, guiados pela criatividade dos inventores, objetos estão passando a ser conectados na rede, recebendo um endereço de IP, de modo a propiciar novas funcionalidades. Esta revolução tem sido verificada em diferentes mercados e setores, inclusive no mercado imobiliário, que também começa a surfar nesta tendência.

Até o momento, as principais inovações nos imóveis assumem prioritariamente a função de automação predial, visando tanto a praticidade de seus ocupantes, como a economia de energia, cuja grande maioria das iniciativas, até o momento, visa integrar diversas funcionalidades dos imóveis, de modo a torná-los “inteligentes”, conferindo maior eficiência e permitindo que edifícios respondam em tempo real às necessidades dos ocupantes.

Para tanto, esta conectividade ocorre por meio de sensores para colher informações a partir das quais se adaptam às demandas reais, alterando, por exemplo, iluminação, temperatura e até mesmo a operação do sistema hidráulico de um edifício, reduzindo desperdício e custos operacionais.

Muitas das inovações advindas até o momento representam equipamentos de simples instalações nos imóveis, que se conectam a própria rede wifi edificação, destacando-se a lâmpada inteligente, que pode ser controlada a partir de um smartphone ou programada para se adequar à rotina do local, evitando, assim, desperdício de energia; fechaduras eletrônicas, que dispensam o uso das tradicionais chaves e permitem abrir e trancar as portas de maneira remota, além de notificar o responsável toda vez que a porta é destrancada; tomadas inteligentes, que da mesma forma das demais, permitem o controle remoto ou programa de qualquer equipamento eletrônico, permitindo, por exemplo, acionar antecipadamente o ar condicionado para que o imóvel esteja na temperatura ideal no horário programado, ou, até mesmo, programar a cafeteira de modo que o café esteja pronto antes mesmo da pessoa levantar da cama.

Além das inovações mais simples, outras, mais complexas, também já foram desenvolvidas visando propiciar ainda mais comodidade aos usuários. Embora ainda não muito difundidas, já existem geladeiras e robôs de cozinha que armazenam receitas e que permitem aos seus usuários emitir listas de compras (e no futuro, certamente, também os pedidos) a partir da simples escolha do cardápio, isto é, a partir da escolha do prato o próprio equipamento relaciona a quantidade dos ingredientes necessários e envia a lista de compra por e-mail, ganhando-se tempo e reduzindo o desperdício.

Indo além, as inovações também são verificadas em roupas para filhos e coleiras para cachorros que, por exemplo, podem registrar informações de localização a partir de dados de GPS.

Preocupados com os impactos e cientes da relevância deste mercado como instrumento que irá revolucionar ainda mais hábitos dos brasileiros, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a empresa de consultoria McKinsey elaboraram o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT), apresentado no fim de 2017 na Futurecom, onde coloca as diretrizes para o desenvolvimento da Internet das Coisas no Brasil.

Atento às inovações do mercado, este documento define uma política nacional de incentivo, a ser implantada entre 2018 a 2022, que estabelece os quatro pilares que terão prioridades para receber incentivos, como empréstimos do próprio BNDES, que são: cidades, saúde, agronegócio e indústria.

Em decorrência disso, a Internet das Coisas deixará de ser encarada como mero capricho, pois sua disseminação e multiplicação tem provado seu potencial, bem como sua utilidade em propiciar excelentes opções. Não por acaso, estudos indicam que edifícios verdes, que a cada dia mais estão associados aos edifícios inteligentes, caracterizados por atingirem os rigorosos padrões de qualidade e eficiência, normalmente recebendo a certificação Leadership in Energy and Environmental Design – LEED, apresentam menor taxa de vacância em relação ao mercado.

Este fato comprova que mais do que as comodidades propiciadas, a Internet das Coisas já se mostra como uma vantagem competitiva de mercado, podendo ser, em um futuro próximo, quase que uma exigência no mercado imobiliário, o que ressalta a necessidade de arquitetos e incorporadores estarem atentos a estas inovações.

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