Residência popular “verde”

Publicado em 05 de fevereiro de 2012

No ano de 2011, o programa SUSHI, sigla em inglês que significa Iniciativa de Habitação Social Sustentável, parte integrante de uma ação da ONU denominada PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), elegeu o Conjunto Habitacional Rubens Lara, construído em Cubatão-SP, como um projeto alternativo de moradia popular com padrões de sustentabilidade que pode ser replicado.

Essa iniciativa da Companhia de Desenvolvimento Urbano e Social (CDHU), empresa do governo paulista, teve início no ano de 2007, quando começaram as experiências de construções sustentáveis, as denominadas “edificações verdes”, aplicadas a casas populares, o que ganhou destaque do organismo internacional, que somente encontrou exemplo similar na Tailândia, em Bangcoc.

Os novos conjuntos habitacionais que estão sendo construídos com tecnologias que lhes garantem sustentabilidade utilizam métodos voltados à economia de água e energia, além de empregarem materiais menos impactantes ao meio ambiente, técnicas até então utilizadas em edifícios corporativos do tipo AAA ou residenciais de alta renda.

Outro destaque para o programa habitacional verde é sua abrangência, que envolve não só a construção de novas moradias, mas também a reforma de antigas unidades, além de vincular-se a um planejamento mais amplo, que envolve a remoção de pessoas instaladas em moradias situadas em áreas consideradas de risco.

As mudanças nesse tipo de edificação começam pelo topo, onde um sistema de placas de energia solar promove o aquecimento da água recebida da caixa d’água, que segue para um reservatório térmico e de lá, pela tubulação de água quente chega até os chuveiros dos apartamentos.

O novo edifício possui também uma nova concepção arquitetônica, com maior verticalização, o que resulta em um menor número de unidades por andar, além de resultar em uma maior área livre de terreno, onde se utiliza pisos drenantes, que aumentam o grau de permeabilidade nas áreas externas dos conjuntos habitacionais.

Outro aspecto que chama atenção é a colocação de janelas mais amplas nos apartamentos, especialmente quando comparadas com outras edificações próximas, o que permite uma maior ventilação e iluminação dos imóveis, bem como o aumento do pé-direito, de 2,40 m para 2,60 m, o que facilita a aeração dos ambientes.

Não podemos deixar de destacar a outro aspecto de fundamental importância, a preocupação dos projetistas com a acessibilidade: as portas são mais largas, o que auxilia na movimentação de cadeirantes, e as janelas e interruptores encontram-se em altura adequada, assim como algumas unidades do andar térreo são destinadas a pessoas com deficiência.

Mas como nem tudo é perfeito enfrenta-se o desafio de conciliar o uso de materiais de custo mais acessível com tecnologias sustentáveis, ainda mais caras que as convencionais, como o aquecedor solar, em comparação com o chuveiro elétrico ou a medição individual de água versus a unificada.

Em defesa dessa nova realidade, o argumento mais forte é que se trata de um programa que visa buscar economia a longo prazo, pois, se construir de forma sustentável onera o orçamento em média 10%, pelos ganhos futuros, a palavra de ordem é que este não deve ser considerado custo, mas investimento.

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