O conceito multifamily

Publicado em 02 julho de 2017

O avanço da tecnologia tem modificado com grande velocidade as tradicionais formas de negociação em diversos segmentos da economia, o que faz com que modelos de negócios sejam revistos, como vem ocorrendo com destaque nos setores de transportes e hotelaria. Em ambos, a agilidade na contratação e a redução dos trâmites burocráticos têm propiciado aos usuários, por meio de aplicativos de celular, a contratação desses serviços em instantes.

A revolução causada nestes setores fez acender um alerta no mercado de um modo geral, sobretudo nos negócios mais tradicionais, que a cada dia mais se vêm ameaçados pelo avanço da tecnologia. Neste cenário, começam a surgir iniciativas inovadoras em diversos segmentos, inclusive no setor imobiliário, que se de um lado o uso de aplicativos se mostra mais como uma ferramenta acessória, de outro toda essa revolução faz com que novos paradigmas surjam em um horizonte de curto prazo.

Uma destas iniciativas que tem ganhado destaque nos maiores centros urbanos são os empreendimentos no modelo que vem sendo chamado de “multifamily”, que são unidades imobiliárias residenciais compactas, que variam de 30m² a 90m², oferecidas apenas para aluguel, locados de forma descomplicada, por meio de cartão de crédito, e que oferecem um sistema de serviços compartilhados como espaços coworking, serviços de limpeza, compartilhamento de bicicletas, carros, motos, ferramentas, lavanderias, entre outros, enfim um modelo que se propõe a oferecer comodidade e economia aos seus moradores.

Este modelo se assemelha ao sistema de apart-hotel ou aquele utilizado por hotéis no sistema de long stay, quando o hotel disponibiliza os apartamentos para períodos maiores, mas com o diferencial dos serviços ofertados e da simplicidade da locação para períodos curtos, médios ou longos, segundo as necessidades do locatário (usuário do imóvel).

O público-alvo destes empreendimentos são empresários, turistas de negócios e estudantes, apesar de também atenderem às demandas de famílias pequenas, o que coloca este modelo como uma solução urbana eficiente e confiável para aqueles não dispostos em adquirir um imóvel por preferir preservar a liquidez de seus recursos, especialmente a nova geração que chega ao mercado de trabalho, que tem uma visão global, não mais preocupada em fixar raízes em nenhum local.

Apesar de se tratar de um ramo bastante desenvolvido nos Estados Unidos, no Brasil a aposta neste modelo de negócios ainda é incipiente, certamente pela forte cultura de nossa sociedade em ver realizado o sonho da casa própria, fruto de uma herança onde as pessoas apresentavam baixa mobilidade. Mesmo assim, uma única joint venture formada na capital paulista já anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhões neste modelo nos próximos cinco anos.

Esta iniciativa vai ser testada inicialmente em região nobre de São Paulo, nos bairros dos Jardins e Itaim, mas já de olho em grandes núcleos como Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em nossa capital, entretanto, parece haver cautela quanto a esse empreendimento, principalmente em razão do excesso de ofertas de quartos de hotéis, motivo pelo qual se trata de um mercado que demanda cuidado maior, mas que demonstra especificidades, sobretudo ligadas às necessidades da rede hospitalar e do público estudantil.

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